Os Dois Remos


"Nas margens de um grande rio, entre montanhas, um velho barqueiro esperava as pessoas para as transportar no seu barco para a outra margem. Era uma pessoa de poucas palavras, mas no seu rosto reflectia-se alguma da majestade das montanhas e da transparência das águas do rio.
Um dia chegou um jovem que andava perdido por aquele vale. Estava acostumado apenas ao asfalto e ao ruído da cidade e pediu ao velho barqueiro que o levasse para a outra margem. Ele aceitou e, sem dizer uma palavra, pôs-se a remar. Enquanto avançavam, o jovem, sempre curioso, deu-se conta de que num dos dois remos se podia ler a palavra "Deus". Não conseguia ler as outras letras, porque estavam quase apagadas.
Incomodado pela palavra "Deus", que lhe parecia fora de moda, começou a dizer:
- Hoje o ser humano com a sua razão descobriu os segredos do mundo e da vida. Não precisa de Deus.

O ancião calou-se. Pegou no remo em que estava escrita a palavra Deus, pousou-o no barco e continuou a remar só com o outro, no qual estava escrita a palavra "Eu". Naturalmente não conseguiu avançar; o barco começou a dar voltas sobre si mesmo, sem sair daquele pequeno círculo no qual se movia, e a ser arrastado pela corrente. O jovem ficou pensativo. O velho barqueiro interrompeu o silêncio:
- Sozinhos não vamos a lado nenhum. Necessitamos de Deus para podermos avançar e ir mais além do que o nosso amor próprio e o nosso egoísmo."
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(Manuel Nobre)
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Comentários

  1. ... Aí está:


    A GRANDE VERDADE:

    ... E como diziam na RFM : " É na humilde consciência da vulnerabilidade que resiste a força ..."

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