Pacífico e Pacificador


"Havia um abade no deserto que tinha um discípulo e várias grutas ou ermidas.
Chegou um monge novo e o abade emprestou-lhe uma gruta. O novo monge era um santo e recebia muitas visitas.
O abade começou a ter inveja e enviou o discípulo para lhe dizer que abandonasse a sua gruta. Mas o discípulo foi e perguntou-lhe como se encontrava. Ele respondeu que lhe doía o estômago e que agradecia ao abade o seu interesse por ele.
Voltou o discípulo e disse ao abade que o monge lhe pedia que o deixasse ficar mais dois dias e depois sairia. Mas não saiu.
O abade tornou a enviar o discípulo com ordem para que saísse imediatamente. Se não, iria lá com um pau e expulsá-lo-ia à paulada.
Mas o discípulo foi e perguntou-lhe se se achava melhor. Este disse-lhe que agradecesse muito ao abade pela sua delicadeza e pelas orações que rezava por ele.
O discípulo voltou ao abade e disse-lhe que o monge ficava até domingo e depois sairia.
No domingo, o abade, furioso porque o monge não saía, pegou num pau e dirigiu-se para lá. O discípulo disse-lhe:
- Deixe-me ir à frente para despedir os visitantes, para estes não se escandalizarem. Chegou lá primeiro e disse ao monge:
- O meu abade vem visitar-vos. Ide ao seu encontro para lhe agradecer ter-vos deixado a gruta!
Saiu o monge e lançou-se aos pés do abade, beijando-lhos agradecido, porque tinha sido generoso e tinha rezado por ele.
Isto desarmou o abade, que o convidou a comer e lhe ofereceu a gruta que lhe tinha emprestado.
Quando o monge voltou para a que já era a sua gruta, perguntou o abade ao discípulo:
- Diz-me a verdade: davas-lhe os meus recados?
- Não me atrevia a responder-lhe, mas não lhos dava!
- Então agora eu serei o teu discípulo e tu serás o meu abade, já que tu estás mais próximo de Deus do que eu!!
O discípulo era um homem pacífico e pacificador, semeador de paz e de reconciliação."

(Autor: J. López Melus; Fonte: Gestos de amor)

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