Perdão e Esquecimento


"Mello conta a história de um pároco que estava farto duma beata que todos os dias vinha contar-lhe as revelações que Deus pessoalmente lhe fazia. Semana após semana, a boa senhora entrava em comunicação directa com o céu e recebia mensagem atrás de mensagem.
O padre, querendo desmascarar de uma vez por todas aquilo que de invencionice havia em tais comunicações, disse à mulher: "Olha, da próxima vez que vires a Deus, diz-lhe que, para me convencer de que é Ele que te fala, te diga quais são os meus pecados, aqueles que só eu sei!" Com isto, pensou o padre, a mulher vai-se calar para sempre.
Mas poucos dias depois, regressou a beata.
"Falaste com Deus?" - "Sim!" - "E disse-te os meus pecados?" - "Disse-me que não os podia dizer, porque os tinha esquecido! Não só perdoou os seus pecados, como também, depois de perdoados, os esqueceu! Ele perdoa-os absolutamente!"
Com esta resposta, o padre não soube se aquelas aparições eram verdadeiras ou não. Mas soube que a teologia daquela mulher era boa e profunda."

O "perdoou mas não esqueceu", parece uma forma humana de perdoar ou antes uma forma refinada de ressentimento e/ou de vingança?!


"Custa-nos perdoar aos outros porque nos custa perdoar a nós mesmos."

(Recolhido por J. L. Martin Descalzo em Blanco y Negro)


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